CRONICA DA “NESCIFICAÇÃO” PLANEJADA – UMA "CUTUCADA" NAS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ - Originalmente publicada em Fev/2003
Quando
se é razoavelmente curioso e dotado de boa vontade, somos quase que idealistas
quanto à ideia de que Buda estava certo (mesmo não sendo nós budistas).
Buda
pregava a negação da ignorância, e é nisso que também creio. Somente a busca do
conhecimento e a simplificação dos desejos combinados, poderiam salvar o homem
da selvageria animal.
O
homem num estágio ignóbil sempre será um animal potencialmente selvagem. E um
agrupamento deles (como as cidades de hoje) nos assombra com anarquia e
balbúrdia, intolerância e violência.
Nunca
a nossa sociedade precisou tanto de conhecimentos básicos! Digo de noções de cidadania e sociedade,
filosofia e humanismo.
Tudo isso antes das religiões.
Os conhecimentos básicos unem o homem, já as
religiões separam o homem em nichos distintos conforme origem, raça etc.
O
homem se sente irmão do próximo em situações limite, mas ao inferirem preceitos
religiosos, se não são da mesma casta, origem, etc, se segregam uns aos outros
e pouco se toleram.
Sabemos
ser impossível que todas as centenas de milhares de crenças de todos os
recantos do mundo pensem da mesma maneira, numa improvável unificação.
Quem
tem noção da vasta miríade de entes e deuses bem sabe que somente uma educação focando
os conhecimentos básicos pode ensinar aos homens que, se não todas, a maioria
dessas crenças são na verdade crendices, e que é possível viver bem sem suas
auras misteriosas, normalmente mais repletas de sombras do que luzes.
Nós,
ingênuos idealistas do conhecimento achamos que lentamente a raça humana
absorverá a sabedoria e seu conseqüente “autofeedback”, dando início ‘a
verdadeira evolução do homem.
Sim,
pois ainda mal saímos das cavernas! Praticamente só começamos a evoluir
socialmente.
Tudo
de bom que o homem tem e fez é proeza somente de uma ínfima minoria que
adquire conhecimentos!
Imaginem quando mais homens também passarem a aprender
direito, o tamanho do salto que a humanidade dará. Beiraríamos todas as
utopias, certamente.
Por
esse raciocínio e maneira de viver, é que me choco profundamente com algumas
“literaturas”, que parecem terem sido planejadas para
matar o conhecimento.
Sim!
Matar aos poucos, subjugando o incauto leitor, minando sua centelha de
inteligência e conduzindo suas conclusões para um estado quase catatônico.
Tudo
bem, que por fé ou algo que o valha, ensinem-se preceitos ditos divinos ou
sagrados, mas o que estou me referindo como chocante é o ataque frontal ‘a
verdade, feito por exemplo, pelos textos dos escritores da “Watch Tower” (Testemunhas
de Jeová). Tenho certeza que praticamente não há crime maior, já que
tais publicações são verdadeiros atentados ao futuro da raça humana.
Seus
autores são verdadeiros “falsos profetas”, apaziguadores de
mentes, como que ficassem molhando brasas, que ficam sem nenhuma chance de
virarem fogueiras criativas.
Eles implacavelmente não deixam chance alguma de
seu leitor se interessar mais por nada que exceda certo limite.
Leitores que
morrem pensando que pensaram, achando que acharam, concluindo que concluíram.
Pássaros ímpares, criados em gaiolas, sem noção dos vastos ares.
Esses
autores produzem legiões de néscios envernizados, com aparência de doutos, sem
realmente o serem.
Tenho
vontade quase de chorar por eles - (não têm muita culpa, afinal) - pois foram
aliciados, conduzidos, desvirtuados por alguns perturbados também envernizados,
passando-se por salvadores, quando na verdade são como foguistas do mal,
atirando incautos carvões vivos na caldeira da mediocridade consentida.
Malditas revistas "SENTINELA" e "DESPERTAI".
Do
âmago de meu amargor, um hálito otimista me conforta:
São apenas areias na engrenagem, que um dia serão trucidadas na máquina da verdade, e o atraso dos homens será passado, no brilhante futuro
que os verdadeiros livros nos proporcionarão.