2001 EM MINHA
VIDA
Eu SEMPRE quis ver 2001, Uma Odisséia no Espaço, o
famoso "melhor filme de ficção científica de todos os tempos", mas eu tinha
apenas 5 anos quando foi lançado e cresci ouvindo curioso, o tema de 2001: ASSIM
FALAVA ZARATUSTRA, de RICHARD STRAUSS, e já tinha a música como algo meio "místico", apesar de eu ser um
cético/agnóstico de carteirinha. Nas tvs e nos rádios da época, tocava também o
BELO DANUBIO AZUL de JOHANN STRAUSS (que estranho: tudo é Strauss, agora?) e
diziam que era do famoso filme, mas já era quase anos 80 e cada vez menos
passava nos cinemas.
Um dia, anunciou na tv aberta, na Rede Globo, com a
chamada mais ou menos assim: "-O homem contra o
computador...”.
Então eu assisti somente com isso na cabeça. Não tinha
idéia de nada, pois não havia lido ainda o livro de Arthur C.
Clarke.
Fui, vi... Terminei de
ver...
O QUE FOI AQUILOOOO!!!
De cara, saquei que a idéia era grandiosa demais, com
aquele negócio de monólito negro, obviamente algo de origem tecnológica,
aparecendo na pré-história entre os homens
primitivos.
Fiquei maravilhado com a descoberta de outro semelhante,
na lua!!!! Fiquei hipnotizado com as imagens poderosas criadas pelos magos dos
efeitos visuais. Naves lindíssimas, singrando o espaço, passeios pela paisagem
lunar...
E o final? Que viagem mais louca!!! E aquele bebê
flutuando no espaço? Que olhar era aquele? Parecia fitar a terra, parecia nos
fitar... ARREPIANTE!!!
Cheguei a entender que a viagem da nave Discovery (que
parecia um grande espermatozóide) era apenas uma FECUNDAÇÃO DE JÚPITER, e o
astronauta Bowman era o "DNA" que gerou aquele bebê cósmico. Tudo engendrado por
aliens avançadíssimos e gigantescos, com propósitos obscuros, TALVEZ PARA NOS
CONSUMIR!!! Seríamos algum tipo de cultivo ou experiência DELES? (Arrepio,
arrepio, arrepio... só de imaginar essas coisas!) Em suma: MANEIRO!!!!!!! (Gíria
da época que trago sempre)
Fiquei DIAS pensando loucamente naquilo tudo, naquele
filme arrebatador... Mil idéias nunca chegavam a concluir ou satisfazer (soube
depois que ESSE era o objetivo daqueles malditos STANLEY KUBRICK e ARTHUR
CLARKE, deixar tudo meio vago, sujeito a múltiplas
interpretações)
Os criadores queriam mesmo era bombardear os incautos
espectadores e deixá-los filosofando o resto da vida, ainda mais naqueles tempos
sem Internet...
Mas logo comprei o livro de ARTHUR C. CLARKE e entendi
tudo. Adorei cada palavra, mas não houve arrebatamento
igual.
Depois comprei sua continuação (2010, Odisséia 2) e
quase houve arrebatamento, mas isso é outra
resenha.
Mas só entendi 100% dos propósitos dos criadores da
saga ao ler MUNDOS PERDIDOS DE 2001, um ótimo livro que achei num sebo, contando
os bastidores tanto do filme quanto do livro, que foi escrito EM PARALELO! Isso
eu não sabia!
Na verdade o que havia antes era um conto de A. C.
CLARKE, O SENTINELA, que serviu de premissa para todo o
projeto.
Quem puder (e tiver a sorte de encontrar) leia o livro,
que é saborosíssimo, e cheio de inspiradas idéias da genial dupla, que não foram
usadas nas versões finais da ODISSÉIA.
Ainda curti os livros com as continuações 2061 e 3001,
com desdobramentos muito bacanas, mas nunca mais houve arrebatamento semelhante
ao primeiro e ao segundo...
O filme que fizeram de 2010 (O Ano em que Faremos
Contato) quebrou bem o galho, pois tem seus momentos, e sempre assisto também.
Nesses anos todos, já tive fita, dvd e agora blu-ray. Futuramente terei com certeza algum tipo de "Holo-Cristal-3d-Imersivo" de 2001 e 2010... e do que mais filmarem sobre o
tema.
Foi nesse tempo que descambei de vez para a leitura
compulsiva de fc (ficção científica). Praticamente zerei toda a obra de ARTHUR
CLARKE, que é meu favorito até hoje, mas ISAAC ASIMOV e CARL SAGAN também
fizeram minha cabeça.
PARA ENTENDER 2001
DE VEZ... (SPOILERS!)
Esclarecendo de vez o enredo, para quem não entendeu
ainda, vai um resumo rápido. (Cuidado! Você pode matar aquele senso quase místico
que o filme deixa em nossa mente, apesar de que entender tudo também é
maravilhoso!)
1-Na pré-história, um grupo de homens primitivos recebe
uma "ajudinha" de uma inteligência superior, na forma de um misterioso bloco de
pedra preta, retangular e toda lisa, um monólito negro, que aparece de repente e
influencia os homens a lutarem e caçarem, de maneira que possam evoluir, e não
se extinguir. Antes eles eram tão apáticos e tolos, que nem matavam os animais
para comer. Logo tiveram a boa idéia de usarem ferramentas, e tudo começa a
mudar. E assim, num corte de cena de 4 milhões de anos, partimos do porrete e
chegamos ao futuro, onde já estamos viajando pelo espaço. G-E-N-I-A-L
!!!!!!
2-Numa operação secreta, um grupo de pesquisadores voam
até a lua para estudar um misterioso monólito negro (de novo!) que apareceu
enterrado numa cratera. A humanidade tem agora a prova que existem (ou
existiram) seres extraterrestres! Durante a aproximação, como se o tivessem
despertado, o monólito (que está lá por milhões de anos!!!!) emite um fortíssimo
sinal de rádio direto para o planeta júpiter. - Forte senso de mistério! O que
diabos foi aquilo? Primeiro eu pensei que os astronautas estavam morrendo, já
que tentavam tapar os ouvidos e se contorceram durante o guincho agudo do sinal.
A mente dá voltas, ao pensarmos que existe algo inteligente que nos acompanha
desde nossa origem, e que agora parece ter sido avisado pelo sinal emitido. (Um
medo irracional cresce no fundo de nossa mente: o que vem por aí? Uma visita?
Uma invasão? Nossos criadores, nossos salvadores ou os donos do matadouro?
Medaaaaa! Sozinhos é que não estamos! E não somos tão bam-bam-bans assim, pelo
jeito.)
3-Meses depois, acompanhamos uma missão para júpiter, a
bordo da nave Discovery, onde dois astronautas e um sábio computador, Hal 9000,
aguardam por meses até seu destino, enquanto vemos vários outros astronautas em
hibernação, que dormiam profundamente, economizando assim ar, alimentação e
energia.
Nessa fase, acompanhamos um drama paralelo, que nada
tem a ver com o mistério do monólito. É que o supercomputador quase humano, Hal
9000 parece enlouquecer e resolve eliminar a tripulação, desligando a hibernação
e matando logo os que dormiam, e simulando um defeito na antena exterior somente
para atropelar um deles e deixar o último sobrevivente, Bowman, preso quase sem
ar numa cápsula flutuando no vazio, onde morreria
lentamente.
Mas Bowman consegue forçar a entrada na Discovery, e
logo vai desligar o computador assassino, em cena
memorável, sempre citada nas resenhas sobre a história do cinema.
4-Chegando à órbita de júpiter, sozinho, e sem mais a
fazer, já que a missão está comprometida, Bowman resolve arriscar e se aproximar
de um monólito (outro!) gigantesco que também estava em órbita. Ele sai com a
cápsula...
...e de repente inicia-se a maior viagem da história do cinema, pois perto
da superfície lisa do imenso bloco, ele parece entrar num túnel de distorções e
cores caleidoscópicas vertiginosas, e POR MUITOS MINUTOS, acompanhamos atônitos
aquele mergulho louco, vendo mundos e sóis estranhíssimos, para por fim,
pousarmos num ambiente simulando uma casa humana, tipo mansão, onde Bowman
parece envelhecer e rejuvenescer, naquela espécie e gaiola cósmico-temporal, até
um encontro final com um assustador monólito bem no meio do recinto! Afinal o
que seria aquilo? Um ser vivo? Uma espécie de guia, uma máquina-ferramenta de
uma tecnologia tão superior que jamais entenderemos o que está a fazer com os
humanos? O QUE ELES QUEREM????
Então, num momento mágico indescritível (já que não
temos idéia do que está acontecendo), vemos que um bebê-cósmico, bastante
semelhante ao próprio Bowman, está em órbita da
terra!!!!!!!!
5-É arrepio em cima de arrepio. A coisa toda é de um
multissimbolismo monstruoso, E PARECE QUERER NOS DIZER ALGO INDIZÍVEL, que
penetra fundo e nos arrebata, mesmo sem entender porra
nenhuma!
6-Aí, você percebe que NUNCA MAIS deixará de pensar
nesse filme, tamanho o impacto recebido em sua
consciência.
7-Ler o livro também é maravilhoso, mas a coisa fica
mais explicadinha, complementando "demais" o filme.
Mas O FILME É O FILME!