O RIO QUE SAIA DO EDEN - RIVER OUT OF EDEN
Richard Dawkins - 1995
R - 1
Um livro indispensável para quem quer entender biologia, com diversas explicações sobre temas da evolução, com aquele estilo límpido e inspirador, característico de Richard Dawkins.
Muito instrutivo, o livro é para todo aquele que quer entender um pouco sobre da mais poderosa, porém ao mesmo tempo, simples teoria científica: A teoria da evolução e suas ramificações e impacto na compreensão da origem da vida.
Eu adoro o primeiro capítulo, O Rio Digital, que nos mostra como os organismos transmitem suas melhores característica para as novas gerações, porém, sem mérito, já que as experiências adquiridas não ficam registrada nos genes, e vemos claramente que apenas as micro mutações acidentais é que realmente passam adiante.
O que é difícil de conceber é que MILHÕES e MILHÕES de gerações são necessárias para que as espécies evoluam.
Nossa mente não evoluiu para entender facilmente isso, já que só nos são familiares escalas de poucos anos.
É mágico sabermos que a vida cresceu na sopa primordial, graças aos seus componentes, mas que agora, esse mar primordial ESTÁ DENTRO DE NÓS, como se nossas células fosse um tipo de aquário.
O rio referido, é o rio de DNA, mas é um rio que corre através do TEMPO e não do ESPAÇO, "é um rio de informação, não um rio de ossos e tecidos..."
"A informação passa pelos corpos e os afeta, mas não é afetada por eles em sua passagem"
São frases iluminadas, repletas de insights para o leitor: "Os genes sobrevivem através dos tempos apenas se forem bons em
construir corpos que são bons para viver e reproduzir-se da maneira particular de viver escolhida pela espécie"
É interessante demais entender que os genes trabalham dentro de seu rio, que na verdade é uma espécie. Ou seja:
Cada espécie é um rio isolado de genes.
Outra coisa que aprendi nesse livro é que GEOLOGIA é a grande influência da mudança de uma espécie em outras.
E é simples! Se alguma espécie forma um grupo e migra para longe de seu grupo original, e não mais se cruza, devido a distância, rio ou montanha, ou mesmo uma separação de continentes, as inevitáveis mutações em cada divisão celular necessariamente criarão espécies novas, bastando para isso a passagem de tempo suficiente.
Dá vertigem saber que hoje em dia existam uns 30 milhões de braços do rio digital, que é esse aproximadamente o número de espécies existentes na terra.
E isso é apenas um por cento das que já existiram desde o início. O que nos ensina que a grande maioria das espécies se extinguem!
É a maior viagem, imaginarmos retrocedendo em nosso rio de Homo-Sapiens, recuando aos poucos nos tributários do grande rio de Mamíferos, vertebrados, invertebrados, etc... ATÉ O REPLICADOR PRIMORDIAL, e apreciar a majestosa ideia de que homens, macacos, gatos, lagostas, lesmas, vírus e capim, SOMOS TODOS PARENTES, DESCENDENTES DE UM MESMO AVÔ DE BILHÕES DE ANOS ATRÁS!!!
A idéia é arrebatadora! Quem crê em Adão e Eva precisa urgentemente ler mais! Se informar evolui!
Tem um capítulo dedicado à grande pesquisa que causou a descoberta da "Eva Primordial", nossa ancestral comum.
Muito interessante, outro sobre os pequeníssimos passos da evolução, mas que cobrem distâncias enormes, devido ao longo tempo de processo, outro sobre a função de utilidade de Deus, muito bom também. É nesse capítulo que podemos ler a ótima frase "O ADN não sabe e nem se importa. O ADN apenas é. E nós dançamos de acordo com a sua música"
No último capítulo, A BOMBA DE REPLICAÇÃO, Dawkins nos explica a idéia dos limiares, dos níveis iniciais aos finais da marcha da evolução.
Mostra como aquela pequena partícula replicante pode influenciar enfim outros mundos, logo, outros replicantes.
Uma viagem...
Limiar 1:
O replicante capaz de reproduzir-se com erros aleatórios ocasionais, disputando recursos entre si.
Limiar 2:
O fenótipo - Alterações que garantem sua sobrevivência a longo prazo.
Limiar 3:
Equipe de replicantes - Pequeno oceano local de produtos químicos em que uma equipe de genes está mergulhada.
Limiar 4:
Multicelular - Possibilita fenótipos mais complexos e eficientes, ou seja, partes melhores.
Limiar 5:
Processamento de informação em alta velocidade - Neurônios, sistema nervoso, cérebro...
Limiar 6:
Consciência formada
Limiar 7:
Criação da comunicação pela criação da linguagem
Limiar 8:
Proliferação da tecnologia cooperativa.
Limiar 9:
Criação do rádio - Causa impacto além do planeta, detectando-se uns aos outros...
Limiar 10:
Viagem espacial - Possibilidade de contato com outras bombas de replicação...
LEIAM!
O RELOJOEIRO CEGO - BLIND WATCHMAKER
A teoria da evolução contra o desígnio divino
Richard Dawkins - 1986
Um livro importante para quem quer entender melhor os argumentos prós e contras a Teoria da Evolução, única aceita pela ciência para explicar a origem e evolução das espécies na terra.
A teoria de Charles Darwin, de tão poderosa e completa, e hoje totalmente confirmada, mais de uma vez e inclusive pela ciência genética, veio "salvar" muitos ateus, já que agora, indubitavelmente eles têem um argumento "palpável" contra o desígnio divino, coisa que antes ficava somente no disse-me-disse filosófico.
Conforme vemos numa passagem:
Antes de Darwin, um ateu poderia ter afirmado, pautando-se em Hume: "Não tenho explicação para a complexidade do design dos seres vivos. Tudo o que sei é que Deus não é uma boa explicação, portanto devemos aguardar e esperar que alguém avente algo melhor"
O livro é recheado de exemplos práticos, que ajudam à compreensão das idéias mais rebuscadas, onde Dawkins esbanja de analogias interessantes e esclarecedoras.
Não é um livro técnico, e o leitor comum não terá dificuldades de sair dessa imersão como um biólogo evolucionista honorário.
O estrago às religiões é inevitável, já que não dá para ao mesmo tempo considerar as duas hipóteses como verdadeiras. É uma questão de escolha decidir-se por realidade ou ilusão.
Aliás, eu não entendo biólogo religioso, ou padres que alegam terem "estudado" biologia, além de teologia. NÃO TEM NADA A VER... e nada se pode fazer quanto a isso. Fica o mistério... de Darwin para Freud.
Adorei toda a parte sobre a eco-localização dos morcegos e de outros animais, que também desenvolveram paralelamente poder parecido, graças às mesmas condições de escuridão e consequente impedimento de usar a visão por luz. Interessantíssimo mesmo!
O livro entra em detalhes do desenvolvimento dos olhos, onde a explicação darwiniana satisfaz a todos os aspectos, em detrimento de qualquer outra teoria.
Algumas passagens que me chamaram a atenção.
"...A seleção natural é o relojoeiro cego, cego porque não prevê, não planeja conseqüências, não tem propósito em vista. Mas os resultados vivos da seleção natural nos deixam pasmos porque parecem ter sido estruturados por um relojoeiro magistral, dando uma ilusão de desígnio e planejamento. O propósito deste livro é resolver esse paradoxo de modo satisfatório para o leitor..."
"...Como um órgão tão complexo poderia ter evoluído?" Isso não é um argumento, é apenas uma expressão de incredulidade. A meu ver, essa incredulidade intuitiva que tende a existir em todos nós em se tratando do que Darwin denominou órgãos de extrema perfeição e complexidade tem duas razões. Primeiramente, não somos capazes de uma apreensão intuitiva do vasto tempo à disposição da mudança evolutiva. Muitos céticos a respeito da seleção natural estão dispostos a aceitar que ela é capaz de introduzir pequenas mudanças, como a cor escura que evoluiu em várias espécies de mariposas a partir da revolução Industrial..."
É mágico entendermos que depois que as paredes e chaminés escureceram com a fuligem do carvão produzida pela revolução industrial, a seleção natural, apesar de uma ajuda artificial, eliminou as mariposas de cor clara, simplesmente porque elas não mais conseguiam se esconder de seus predadores, deixando o domínio para as de cor escura. É ASSIM QUE A EVOLUÇÃO FUNCIONA, MINHA GENTE! E tudo isso num tempo curtíssimo! Imaginem essas forças agindo em BILHÕES DE ANOS?
Dawkins nos relata suas "brincadeiras" com um programa que ele mesmo desenvolveu para simular a aleatoriedade das mutações e o consequente impacto nas gerações futuras de seu mundinho virtual, imprimindo interessantes formas evoluídas, os biomorfos, numa parábola do que acontece em escala muito maior.
Mais adiante, temos interessante citação de Darwin: (em A origem das espécies)
"Se fosse possível demonstrar que existiu algum órgão complexo que não poderia absolutamente ter sido formado por numerosas e sucessivas modificações pequenas, minha teoria cairia por terra."
E continuando com Dawkins:
"Cento e vinte e cinco anos depois, sabemos muito mais a respeito dos animais e plantas do que Darwin sabia, e ainda assim não conheço um único caso de um órgão complexo que não pudesse ter sido formado senão por numerosas e sucessivas modificações pequenas"
Sexo e altruísmo, Feedback positivo, Puntuacionismo, taxonomia, cladismo, neutralismo, mutacionismo, teoria lamarckiana, criacionismo... Darwin nos leva a todos os raciocínios, nos deixando realmente familiarizados com o que há de pertinente para o melhor entendimento da realidade.
Ficamos cônscios que a única explicação para a vida na terra não é nada mais que a replicação com mutação aleatória cumulativa no decorrer de bastante tempo.
Ficamos com a verdadeira noção do tempo abismal que leva para que todo o processo seja possível, para que, por exemplo, um (quase perfeito) olho seja formado, esvaindo-se de vez, para o leitor incauto, qualquer idéia de criação pronta.
Nas palavras de Dawkins:
"Domesticar" o acaso significa dividir o muito improvável em pequenos componentes menos improváveis organizados em séries.
Não importa quanto seja improvável que um X possa ter surgido de um Y em um único passo, sempre é possível conceber uma série de intermediários infinitesimalmente graduados entre eles.
Por mais improvável que uma mudança em grande escala possa ser, mudanças menores são menos improváveis.
E, contanto que postulemos uma série grande o bastante de intermediários em uma graduação suficientemente pequena, seremos capazes de derivar qualquer coisa de qualquer outra coisa, sem invocar improbabilidades astronômicas.
Temos permissão para fazer isso somente se houver decorrido tempo suficiente para encaixar todos os intermediários.
E também somente se houver um mecanismo para guiar cada passo em alguma direção especifica; caso contrario, a seqüência de passos se extraviará numa interminável caminhada aleatória."
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A RAZÃO ESPERA POR VOCÊ! |
Quem é contra a teoria da evolução, é porque não a entendeu, e geralmente acha logo que ela se baseia em que "é tudo aleatório", o que não é verdade.
Quem não se interessar em entendê-la, estará condenado a pensar errado para sempre.
LEIAM!