quarta-feira, 18 de setembro de 2013

SOMA DE UNIVERSOS: O MEME SUPREMO


SOMA DE UNIVERSOS: O MEME SUPREMO

Às vezes sinto que a mente da gente é um universo inteirinho, contido dentro de nossa cabeça.

Em alguma dimensão, realmente seria isso mesmo, pois uma tentativa de emulação de universo, virtualmente é OUTRO universo, já que por "n" motivos "técnicos", nunca atingimos a perfeição da nossa emulação.

Eu explico: TEMOS UMA CONSCIÊNCIA (doce mistério...) que foi gerada pela complexidade de nossos cérebros.

Para conseguirmos viver e interagir com tudo à nossa volta, nós primeiro "gravamos" as impressões de tudo o que alcançamos com nossos sentidos, formando assim, aos poucos, um "resumo do mundo" feito somente do que conseguimos.

É em cima desse mundo virtual só nosso que projetamos, extrapolamos, simulamos e tomamos todas as nossas decisões.

Ora, por mais que coletemos informações, seja por experiências ao vivo ou pelas leituras, o mundo que criamos/imaginamos sempre está abaixo da complexidade do "verdadeiro".

Mas ainda assim, É UM MUNDO VIRTUAL, que só nós mesmos podemos acessar, e o que for considerado importante, podemos transmitir aos outros, conversando ou escrevendo.

Aliás, é por isso que é muito importante passar adiante tudo o que temos de bom, que aprendemos ou concluímos, pois esse mundo virtual será deletado ao morrermos!

A raça humana, como um todo, está evoluindo rapidamente justamente por estar colecionando o suprassumo do pensamento de milhares de anos de coleta daqueles que deixam registro ou passam adiante.

A coisa é exponencial, explosiva mesmo, e está acelerando muito rápido, e imagino o que vai ocorrer no "final" desse processo, quando em alguns séculos talvez, a raça inteira atingirá um patamar de "deuses", ou algo do tipo.

Explico: Leonardo Da Vinci ou mesmo Einstein teriam um troço se os trouxéssemos para o presente e tentássemos explicar a eles o celular, a internet, o Hubble, a Biologia Molecular... a vida atual, enfim.

Se trouxéssemos um homem das cavernas então, ele MORRERIA VESGO E BABANDO, com a cabeça a mil, sem entender nada, só de olhar para tudo isso.

Bem, pra finalizar, só sei que os homens da terra são coletores de conhecimento, e "está rodando" um "software acumulador" na MENTE COLETIVA da raça que está gerando "universos virtuais" cada vez mais aperfeiçoados.

Se por evolução o homem num futuro longínquo se desgarrar da matéria, como vários escritores de ficção já sugeriram, talvez possa se mudar para dentro de uma internet "simuladora biológica", e tal.

O que imagino é que assim poderia haver um "mix mental humano", como se toda a raça se misturasse num ser só, quase "divino", um ser coletivo, podendo assim somar seus universos individuais "médios" num mais "absoluto", mais completo e diferente do real, mais idealizado, "arredondado para cima", definitivo e colossal meme... e MERGULHAR NELE!!!!

Passaríamos a ser (e ter) tudo, criando assim nosso próprio nirvana, pois atingiríamos um patamar tão elevado que todo o desejo imaginável cessaria... 

Viajei... e gostei...

Talvez eu escreva um livro de FC com esse tema, se algum Arthur Clarke ou Isaac Asimov (Ou algum leitor do site) ainda não o fez...

TROCA-TROCA!


TROCA-TROCA!

Não se deve evitar/impedir o livre trânsito da informação. Não se deve fugir dela.

NÃO SE EVITA INFORMAÇÃO! Quanto mais se souber, melhor! Praticamente fomos talhados para isso.

Qual o problema de mudar a cabeça de alguém? Fazemos isso o tempo todo! A minha vai mudando conforme vou lendo e aprendendo, afinal ninguém nasce sabendo!

Se me derem informações eu as absorvo, e isso faz com que meus novos processos de pensamento sejam ligeiramente diferentes do que antes da informação adquirida.

Não entendo quem teme a verdade, que é  a única coisa que se aproxima de quem aprende, e é o que há de bom!

Portanto, admito que escrevo para mudar cabeças através da difusão da informação, e ao mesmo tempo estou sempre em busca de quem fez o mesmo para mudar a minha.

...E tenho dito!

RESENHA: LIVRO O GENE EGOÍSTA - Richard Dawkins


O GENE EGOÍSTA - THE SELFISH GENE
Richard Dawkins - 1976

SINOPSE:
É um livro sobre ciências biológicas, em termos simples, para aquela pessoa intrigada com assuntos sobre evolução e comportamento.

O autor vai ao âmago da questão de maneira clara e sem rodeios, e com propriedade nos brinda com horas de leitura deliciosa, e extremamente instrutiva.


(Início do prólogo pelo fundador da Sociobiologia, Robert Trivers)
"O chimpanzé e os seres humanos compartilham cerca de 99,5 por cento de sua história evolutiva, no entanto a maioria dos pensadores humanos considera o chimpanzé uma excentricidade malformada e irrelevante, enquanto se vêem a si próprios como degraus para o Todo-poderoso"


(Richard Dawkins)

"Somos máquinas de sobrevivência – veículos robô programados cegamente para preservar as moléculas egoístas conhecidas como genes. Esta é uma verdade que ainda me enche de surpresa. Embora a conheça há anos, parece que nunca me acostumo completamente a ela. Um de meus desejos é ter algum sucesso em surpreender a outros"

Logo de início, Dawkins dá o tom de seu livro, dizendo que o escreveu tendo em mente três leitores imaginários sobre seu ombro: O leigo, o especialista e o estudante


"A Filosofia e as matérias conhecidas como "Humanidades" ainda são ensinadas quase como se Darwin 
nunca houvesse existido. Sem dúvida, isto mudará com o tempo. De qualquer forma, este livro não pretende ser uma defesa geral do darwinismo. Em vez disto, ele explorará as conseqüências da teoria da evolução para uma questão específica. Meu propósito é examinar a biologia do egoísmo e do altruísmo."

"Não estou defendendo uma moralidade baseada na evolução. Estou dizendo como as coisas evoluíram."


"Minha própria impressão é que seria muito desagradável viver em uma sociedade humana baseada simplesmente na lei do gene de egoísmo implacável universal. Mas, infelizmente, não importa o quanto deploremos algo, este algo não deixa de ser verdadeiro"


"...se você desejar, como eu o desejo, construir uma sociedade na qual os indivíduos cooperem generosa e desinteressadamente para um bem comum, você poderá esperar pouca ajuda da natureza biológica..."


"...Tentemos ensinar generosidade e altruísmo, porque nascemos egoístas. Compreendamos o que nossos próprios genes egoístas tramam, porque assim, pelo menos, poderemos ter a chance de frustrar seus intentos, uma coisa que nenhuma outra espécie jamais aspirou fazer...."


"Em geral, os machos deveriam ter a tendência a serem mais promíscuos do que as fêmeas. Como a fêmea produz um número limitado de óvulos a uma velocidade relativamente baixa, ela tem pouco a ganhar em ter um grande número de copulações com machos diferentes. O macho, por outro lado, que pode produzir milhões de espermatozoides por dia, tem muito a ganharem ter tantos acasalamentos promíscuos quanto possa conseguir. Copulações em excesso poderão não custar muito, realmente, a uma fêmea, além de um pouco de tempo e energia desperdiçadas, mas não lhe dão nenhum benefício positivo.

Um macho, por outro lado, nunca terá tido copulações em número suficiente, sempre deverá procurar o maior número possível de fêmeas diferentes: a palavra excesso não tem significado para um macho."

"...A noção de fêmeas adiarem a copulação até que um macho mostre alguma evidência de fidelidade a longo prazo poderá soar familiar..."


"Quando uma mulher é descrita em uma conversa, provavelmente sua atratividade sexual, ou ausência dela, será proeminentemente mencionada; isto se dá seja o interlocutor um homem ou uma mulher. Quando um homem é descrito, os adjetivos usados provavelmente nada terão a ver com sexo."


"O que, afinal de contas, é tão especial a respeito dos genes? A resposta é que eles são replicadores"



Está dado o tom do livro. Com essas passagens do prólogo e do capítulo 1, podemos ver qual o grau de alcance das idéias, qual o grau de profundidade e poder de assuntos seminais como biologia, criação e evolução.

Dawkins cuidadosamente inicia se explicando, como que pedindo licença para invadir mentes conservadoras de incautos. Ele realmente não quer ser arrogante nem assustar ninguém. Bem diferente do estilo de seu futuro livro DEUS UM DELÍRIO, quando parece já não ter mais tanta paciência com a má vontade humana para aceitar algo tão básico.

Daí em diante, ele discorre sobre quem foram os REPLICADORES, sobre a "sobrevivência do mais apto", que ficaria melhor, como ele mesmo diz "sobrevivência do estável".

Entra em detalhes sobre as primeiras moléculas a se copiar, sobre os erros ao replicarem-se no caldo primitivo, a competição por elementos nutritivos, a formação da primeira célula, o início da seleção natural cumulativa, enfim a história do gene, do DNA. E por aí vai... sempre muito didático.

Lições importantes para todos os seres que querem entender o processo da evolução, o mais importante de nossas vidas. Quem não seria curioso? Como pode alguém não se interessar?

Idéias como "Fundo de Genes", "Comportamento Altruísta", "Máquina Gênica", "Investimento Parental", vão se clarificando em nossas mentes leigas, deixando tudo menos complexo.

Dawkins usa inúmeros exemplos comuns para explicar idéias aparentemente rebuscadas, mas que afinal são até fáceis de assimilar, tornando cada capítulo mais interessante que o outro.

É maravilhoso como diversos elementos da natureza que não entendíamos, passam logo a serem compreendidos, seja no mundo animal ou no nosso mundo social. Nunca mais olharemos a vida ao redor da mesma maneira...

Pelo menos comigo, reforçou em mim a atitude contemplativa, despertando ou acentuando sensibilidades sutis, que antes passavam despercebidas ao observar o mundo. Dá a maior vontade de escrever, traduzir tudo em música, sei lá! É a ciência estimulando os sentimentos, gerando poesia!


No capítulo 11, Dawkins introduz seu famoso conceito de MEME:

"...A transmissão cultural é análoga à transmissão genética no sentido de que embora seja basicamente conservadora, pode originar um tipo de evolução"


"O gene, a molécula de DNA, por acaso é a entidade replicadora mais comum em nosso planeta. Poderá haver outras. Se houver, desde que certas outras condições sejam satisfeitas, elas quase inevitavelmente tenderão a tornarem-se a base de um processo evolutivo"


"Mas temos que ir para mundos distantes a fim de encontrar outros tipos de replicadores e outros tipos resultantes de evolução? Acho que um novo tipo de replicador recentemente surgiu neste próprio planeta. Ele está nos encarando de frente. Ainda está em sua infância, vagueando desajeitadamente num caldo primordial, mas já está conseguindo uma mudança evolutiva a uma velocidade que deixa o velho gene muito atrás."


"O novo caldo é o caldo da cultura humana. Precisamos de um nome para o novo replicador, um substantivo que transmita a idéia de uma unidade de transmissão cultural, ou uma unidade de imitação. "Mimeme" provém de uma raiz grega adequada, mas quero um monossílabo que soe um pouco como "gene". Espero que meus amigos helenistas me perdoem se eu abreviar mimeme para meme. Se servir como consolo, pode-se, alternativamente, pensar que a palavra está relacionada a "memória", ou à palavra francesa même."


"Exemplos de memes são melodias, idéias, "slogans", modas do vestuário, maneiras de fazer potes ou de construir arcos. Da mesma forma como os genes se propagam no "fundo" pulando de corpo para corpo através dos espermatozoides ou dos óvulos, da mesma maneira os memes propagam-se no "fundo" de memes pulando de cérebro para cérebro por meio de um processo que pode ser chamado, no sentido amplo, de imitação"


"Quando você planta um meme fértil em minha mente, você literalmente parasita meu cérebro, transformando-o num veículo para a propagação do meme, exatamente como um vírus pode parasitar o mecanismo genético de uma célula hospedeira"


"Considere a ideia de Deus. Não sabemos como ela se originou no "fundo" de memes. Provavelmente originou-se muitas vezes por "mutação" independente. De qualquer forma, ela é realmente muito antiga. Como se replica? Pela palavra escrita e falada, auxiliada por música e arte estupendas."


"...se você contribui para a cultura mundial, se você tem uma boa ideia  compõe uma melodia, inventa uma vela de ignição ou escreve um poema, a ideia poderá sobreviver, intacta, muito tempo após seus genes terem se dissolvido no "fundo" comum. Sócrates poderá ter ou não genes vivos no mundo hoje, como G. C. Williams observou, mas quem se importa com isso? Os complexos de memes de Sócrates, Leonardo, Copérnico e Marconi ainda prosperam."


"...Somos construídos como máquinas gênicas e cultivados como máquinas mêmicas..."


Mas para mim, a frase mais marcante do livro, a que causa mais impacto é:

"Talvez a consciência se origine quando a simulação que o cérebro faz do mundo se toma tão completa que precisa incluir um modelo de si mesma"

Leiam o livro! Na verdade, o assunto "pede" para ser lido em outros ótimos livros de Dawkins, como "O RELOJOEIRO CEGO" e "O RIO QUE SAIA DO ÉDEN", todos best-sellers mundiais.